ARTIGO 28/07/2023 A Marcha de Ituzaingó: história e a provável autoria de D. Pedro I

A Marcha de Ituzaingó: história e a provável autoria de D. Pedro I

A Marcha de Ituzaingó é uma peça instrumental executada em todas as cerimônias e atos oficiais em que intervém o …


A Marcha de Ituzaingó é uma peça instrumental executada em todas as cerimônias e atos oficiais em que intervém o Presidente da Argentina. Juntamente com a bandeira nacional e o bastão, completa os três símbolos do cargo presidencial argentino. Tem sido executada desde maio de 1827, com um intervalo entre janeiro de 1846 e agosto de 1859, quando foi substituída pela Marcha de San Lorenzo.

Costuma-se atribuir a autoria da Marcha de Ituzaingó ao Imperador D. Pedro I, que teria composto a peça e ofertado a Felisberto Caldeira Brant Pontes de Oliveira Hora - o Marquês de Barbacena, comandante das tropas na Guerra da Cisplatina, para ser tocada em comemoração à primeira vitória obtida contra as forças argentinas e orientais.

A batalha do Passo do Rosário

Algumas pesquisas foram realizadas na região de Rosário do Sul, na fronteira gaúcha, em busca de vestígios da maior batalha já travada em solo brasileiro – o combate do Passo do Rosário, ocorrido em 20 de fevereiro de 1827 entre os exércitos do Império do Brasil e das Províncias Unidas do Rio da Prata (Argentina).

Para comemorar o sucesso do exército brasileiro, o qual dava como vencida a campanha, D. Pedro I teria mandado compor a Marcha da Vitória (ou ele mesmo a teria composto). Entretanto, em um confronto cujo resultado é motivo de discórdia até os dias de hoje, os castelhanos levaram a música como troféu.

Além de cantar a vitória, os argentinos rebatizaram a música como Marcha de Ituzaingó – a versão castelhana para o nome Passo do Rosário e, além disso, anunciaram que o próprio Pedro I criara a obra. Desde então, a peça tem sido tocada nos quartéis e nas cerimônias oficiais em que participa o Presidente da Argentina.

As pesquisas em Rosário do Sul foram realizadas pela entidade Campos de Honra, do Uruguai, a partir de 2013. A entidade reúne cientistas, militares e especialistas em diversas áreas, como arqueólogos e museólogos. Além de objetos como fragmentos de utensílios e armamentos, procuram também pistas sobre a origem da referida Marcha.

Sobre a autoria, o pesquisador Carlos Fonttes, delegado da Academia de História Militar Terrestre do Brasil, em Uruguaiana, afirma que não se pode provar que a Marcha foi composta por D. Pedro I, uma vez que a partitura não está assinada. Mas, por outro lado, também não se pode negar a autoria do Imperador apenas com base nessa informação.

No lado argentino, o historiador Luís Furlan confirma a existência da Marcha, executada pela primeira vez em 25 de maio de 1827 – três meses após a batalha. A partitura está registrada no Instituto Universitário Nacional de Arte – Departamento de Artes Musicais, em Buenos Aires, sob número CP41-1293.

Entre as versões de como a música foi apreendida, uma delas afirma que a partitura estava num baú abandonado por soldados da banda imperial durante a retirada. Incontestável é que a Argentina adotou oficialmente a Marcha, que vem sendo executada até os dias de hoje.

Referências:

- Ituzaingó: a história do hino brasileiro que teria sido roubado por argentinos.

- Marcha de Ituzaingó.

- 175 Anos da Batalha de Passo do Rosário.

Partitura da Marcha de Ituzaingó disponível para download (transcrição para piano de Federico Villalba).

Tempo de leitura

4min 2sec

Download da versão digital

Ajude o instituto
Musica Brasilis

Para manter a música brasileira viva, o Instituto conta com a doação de diversos colaboradores. Faça parte.

Quero doar

Entre em contato,
envie sua mensagem

Entre em contato

Nossas redes sociais